terça-feira, 10 de abril de 2018

PA: Ativista da CPT é preso preventivamente em Anapu

Reproduzimos grave denúncia compartilhada pelo Jornal A Nova Democracia sobre ativista da CPT preso de forma arbitrária na Estado de Pará.

PA: Ativista da CPT é preso preventivamente em Anapu



 



O ativista da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Amaro Lopes de Sousa, foi preso preventivamente pela Polícia Civil em Anapu, sudoeste do Pará, na manhã de 27 de março.
O agente da CPT está sendo investigado pela Polícia Civil de Anapu por uma suposta participação em uma série de crimes, entre eles associação criminosa, ameaça, esbulho possessório, assédio sexual e extorsão. Após a conclusão da investigação caberá ao Ministério Público oferecer denúncia contra o ativista ou requerer o arquivamento do inquérito.
De acordo com a CPT, o inquérito policial aberto em 4 de março do ano passado foi motivado por uma denúncia do latifundiário Silvério Albano Fernandes de que José Sousa seria o “chefe” de uma organização criminosa por trás da tentativa de ocupação da fazenda Santa Maria, pretensamente pertencente a Silvério Fernandes.
O ativista da CPT foi encaminhado para o Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRALT), onde desde setembro do ano passado está preso Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, um dos mandantes do assassinato covarde de Dorothy Stang, de 73 anos, ocorrido em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, que apoiava a luta pela terra na região.
Há anos José de Sousa, padre da Paróquia de Santa Luzia de Anapu desde 1998, vem denunciando os crimes de latifundiários, pistoleiros e funcionários de órgãos do velho Estado que agem em benefício dos grandes proprietários de terras e dos monopólios (nativos e estrangeiros) e recebendo ameaças de morte em Anapu. Ele atua principalmente no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança.
No dia 9 de março, José de Sousa havia participado de audiência pública em Anapu intitulada “Conflitos e Mortes de Trabalhadores Rurais em Anapu e região”, organizada pela Comissão de Direito Agrário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Pará.
Entre 2015 e 2018, ao menos 15 pessoas foram assassinadas no contexto de conflitos agrários em Anapu. Assim como em outros municípios paraenses, circula por Anapu uma lista de pessoas marcadas pelo latifúndio para morrer.
Em nota, a CPT qualificou de “arbitrária” e “injusta” a prisão de José Sousa e de “caluniosas” as acusações contra ele. “Repudiamos todo o processo de criminalização promovida por agentes da polícia civil de Anapu contra o Padre Amaro, que levou ao absurdo de uma prisão preventiva a partir de acusações infundadas, com o intuito de desmoralizar toda sua história de luta. Contudo, nos manteremos fortes e firmes em nossa luta de transformação profunda desta sociedade desigual e injusta.”, frisou a entidade democrática.
A prisão do ativista levou a um conjunto de organizações populares e democráticas a lançarem notas de solidariedade a ele e a exigirem a revogação imediata da prisão preventiva.
“Estamos aqui para denunciar mais esta ação, imoral, cruel e injusta de Estado brasileiro, que por meios inescrupulosos, em conjunto com os manda chuvas, latifundiários e grileiros da região de Anapu, tenta calar a voz de quem se levanta para denunciar as injustiças praticadas contra camponeses, povos indígenas e todas comunidades de povos tradicionais neste país. E negros e pobres das cidades.”, frisou uma nota conjunta assassinada por 50 organizações e entidades.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), organização que reúne latifundiários do estado, em nota divulgada no dia 29 de março, tacha José de Sousa como “infeliz membro da Igreja Católica”, “subversivo que se traveste de religioso”, “incentivador dos conflitos fundiários existentes” e realizador de “ações criminosas”.
A entidade em sua campanha de criminalização e difamação menciona a suposta existência de uma “ala esquerdista que domina o Sindicato dos Bispos e se alia aos que conspiram contra a Democracia para implantar no solo cristão deste país os espúrios credos marxistas”. Ainda proferem uma série de acusações infundadas contra Dorothy Stang, de que ela “incitava a violência” e de que respondia pelo crime de “tráfico de armas”.

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